"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

outubro 03, 2012

Tempo de passagem

por Sônia Arruda

É preciso ter mãos sujas de arar
O tempo, como se a terra fosse
Crespa e fértil, sempre a esperar
Que o desejo revolva o solo doce

É preciso ter na boca o gosto de mar
Sal de saliva em boca que mastiga
O tempo, como se fosse alimento
Ruminando as horas numa cantiga

Preciso é que não se tema o grão
Da areia que da ampulheta desce
Que se ame a água e se ame o chão
Que o tempo vem, passa e esquece

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