"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

dezembro 03, 2011

Quando os sinos tocam

por Sônia Arruda

Do meu primeiro amor
Não me lembro quando
Não me lembro onde
Não me lembro porque

Me lembro que. lá dentro
De algum lugar secreto
Sinos tocavam ligeiros
Pernas e mãos a tremer

Do meu segundo amor
Também não trago exata
A recordação dos fatos
Que o fizeram acontecer

Nem dos próximos posso
Falar com precisão pois
Falso, o relato não agradaria
O que só faria desmerecer

Só posso te contar dos sinos
Soando alto e impertinentes
Marcando um estado de graça
Que eu não consigo esquecer

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo poema! A memória mais fresca é aquela que toca as emoções! Parabéns!