"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

outubro 25, 2011

Quando partires, não me leves














por Sônia Arruda

Quando partires daqui
Capturado no olhar doce
Não leves o meu reflexo
Como se teu ele fosse

Nem carregues nos ombros
Meu peso pouco de pluma
Disfarçado em brancas asas
Perdidas na fresca bruma

Me deixa com as pérolas
Com conchas e sementes
E as, ainda, brutas pedras
E meu querer indolente

Quando partires de mim
Nenhum milímetro contigo
No corpo fugitivo, carregues
Até a dor, deixa comigo

Que só leves tua memória
Que essa, não me pertence
Pra que eu continue a história

Há tanto pra ser vivido
Que recebo toda contente
Mais um poema recém-nascido

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