por Sônia Arruda
Basta-me um leve sopro
pra que eu me desfaça
em flores e em pétalas
te dê meu néctar em taça
mas não há vento
Precisa de um pequeno corte
pra que eu, em vermelho,
me mostre um pouco além
dessa palidez de morte
mas não há espada
E uma palavra, apenas
nem precisa ser gritada
mas dita em suave tom
ao pé do ouvido, sussurrada
mas não há voz
Para que eu torne a ti
basta o desejo transparente
de reviver o amor possível
e uma ação que o reinvente
mas não há movimento
"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
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