"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

setembro 28, 2011

O que falta

por Sônia Arruda

Devo te pedir desculpas
Se minha liberdade te ofende?
Se meu desejo de conhecer
O que existe além dos planos
(tu não consegues entender)
Te faz sentir impotente?

Tenho dificuldade de precisão
Com traços diáfanos enfeito
Telas diárias das duras rotinas
Para, ao olhar de diferente jeito
Eu possa ver o inédito feito

Se solto as rédeas e a sela
E meus pelos se tornam crina
Sou égua selvagem que corre
Da exatidão dos teus cabrestos
Que matam minha ilusão menina

Peco por que? Porque penso?
E, além de pensar, eu ajo?
Mas não mentir é meu pecado
E, se minha natureza, escandaliza
Nenhum de nós dois é culpado

Da mesma matéria somos feitos
Temos qualidades, temos defeitos
Temos sobras e faltas e muito mais
Mas o que me sobra, não te falta
E o que te sobra, falta não me faz

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