por Sônia Arruda
Tu bem sabes que me permito
pensar e, então, mudar de ideia
divagar, vestir várias fantasias
inventar e desinventar os dias
Tu sabes, também, que levito
subo montanhas pra me lançar
sem asas falsas, num precipício
e tu não podes me alcançar...
Dessa minha mania de viajar
quando o momento não agrada
pra um lugar que não conheces
te largando em beira de estrada
De como posso cometer loucuras
fazer coisa que te parece errada
tu sabes bem, e jamais escondi
minha fama de ovelha desgarrada
De vã espera, eu te dou a liberdade
pois não há como eu deixar de querer
o gosto da fruta passeando na boca
Eu te desculpo pela incapacidade
pois não há como eu deixar de saber
que eu não aceito uma vida pouca
"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
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