"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

setembro 27, 2011

Não me esperes

por Sônia Arruda

Tu bem sabes que me permito
pensar e, então, mudar de ideia
divagar, vestir várias fantasias
inventar e desinventar os dias

Tu sabes, também, que levito
subo montanhas pra me lançar
sem asas falsas, num precipício
e tu não podes me alcançar...

Dessa minha mania de viajar
quando o momento não agrada
pra um lugar que não conheces
te largando em beira de estrada

De como posso cometer loucuras
fazer coisa que te parece errada
tu sabes bem, e jamais escondi
minha fama de ovelha desgarrada

De vã espera, eu te dou a liberdade
pois não há como eu deixar de querer
o gosto da fruta passeando na boca

Eu te desculpo pela incapacidade
pois não há como eu deixar de saber
que eu não aceito uma vida pouca

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