"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

setembro 30, 2011

A morte é o vazio

por Sônia Arruda

Às vezes, o vazio me habita
E me impregna de tanto nada
Que transbordo de escuros
E, de silêncios, me farto
Isolada em concretos muros

E, quando chega essa ausência
Que apaga palavras e destrói
Da inspiração, qualquer começo
Qualquer vislumbre de poema
Olho ao redor e não reconheço

Sem significado, o significante
Órfão de seu cúmplice parceiro
Se evade em trilha mal definida
E já não sei se o que não penso
Também faz parte dessa vida

Será que morri sem perceber?
Será a morte que se anuncia?
Procuro lembrar-me dos nomes
Mas tudo o que me vem à mente
Não preenche uma tela vazia

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