"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

setembro 09, 2011

História de um Amor Inventado









por Sônia Arruda


Por muitas vezes me perdi
Num enredo de amor inventado
Que deixou-me cheiro de flores
Murchas num vaso esquecido
E o coração congelado em dores


Fui a autora e fui personagem
Mas foi a ti que dei papel de destaque
Decorando páginas que percorrias
Te dando ares de rei distinto
Herói das minhas tolas fantasias


E eu te quis com os disfarces
Tantos que lhe vesti os dias
Te dei qualidades mais formosas
Que não notei notas de zombaria
Nas entrelinhas de tão bela prosa


Não notei que trazias entre dentes
Uma língua que também falava
Mais que um discurso de beijos
E, estendida, lambia-me desejos
Que a boca, pervesa, devorava


O protagonista foi corrompido
Antes de chegado o final do livro
Trem descarrilado, asas partidas
Não encontraram estação ou ninho
Nas folhas que não foram escritas

Um comentário:

Fred Caju disse...

De invenções, o amor se fabrica.