"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

setembro 10, 2011

Saudades

por Sônia Arruda

Por que não me serve de consolo
Saber que as dores sempre passam
Fortes águas que movem o monjolo?

Por que, saber da fugacidade
Do teu reflexo espelhado no peito
Não me dá paz nem tranquilidade?

Por que parece-me que entre mim
E os que, desencarnados, se foram
A divisão é parede frágil assim?

Por que os porquês se instalam
Criam raízes, criam seus ramos
Que antigas certezas se abalam?

Talvez seja porque a dita sapiência
Não resiste à praga que mora no caule
Da árvore que morre da tua ausência

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