"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
agosto 15, 2011
Dos Nortes
por Sônia Arruda
Ele tinha a mania de contar
Os números, contar as moedas
Contar o tempo
Ela tinha a mania de ser leve
Contar as nuvens, se confundir
Com o vento
Ele gostava de palavras difíceis
Livros grossos e complicados
De compreender
Ela preferia nada entender
Mas dançar à luz da lua até
Novo dia nascer
Ele obedecia sem reclamar
Ela, simplesmente, se recusava
A só obedecer
Ele estava na vida de passagem
Ela, transpassada pela vida
Queria viver
Ele e ela se desencontraram
Pois se um buscava calmaria
Outro buscava ventos fortes
E, sozinhos, os dois acharam
O que, em cada um, melhor nutria
A fome de diferentes nortes
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