"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

julho 12, 2011

Palavra: onde tudo começa e onde tudo termina

por Sônia Arruda


Palavras lhe eram fáceis
Quando eram escritas
Brotavam do desejo ardente
(quase inconsequente)
De rechearem oco coração
De darem certo sentido
À vida pálida de emoção


Mas, se ditas, as palavras
Eram cuspidas, aos trancos
Extirpadas à ferro, fórceps
Extraídas do mais profundo
Nem sempre faziam sentido
Aos ouvidos virgens do mundo


Ah! Palavras... vindas de ti
Que eu suguei embevecida
Umas, nascidas do prazer
Outras, paridas, quase com raiva
Sempre, acolhidas com doçura
Meu presente, minha dádiva


Mas foram palavras, também
Que estragaram o final da história
Feita de versos singelos
De distâncias e de saudades
Muitas vezes amenizadas
Por breves linhas enviadas


Palavras foram mal ditas
E malditas foram as palavras
Que anunciaram, do encontro
Do poema e da prosa, o fim
Que mataram, sem reverência
O que haviam alimentado em mim

Nenhum comentário: