"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
março 26, 2011
Procura-se
por Sônia Arruda
Procura-se um amor torto
Que, sem deixar vestígio
Sumiu numa noite de maio
Após um intenso litígio
Foi visto pela última vez
Usando covardia e dor sutil
De suas vestes não se lembra
A última pessoa que o viu
Nem se lembra se levou bagagem
Ou algo de serventia urgente
Além do medo, talvez um alívio
De quem some voluntariamente
Procura-se um amor doce
Que embalou noites sem sono
E com sua música de suspiros
Dos desejos se fez único dono
Que abalou raízes confortáveis
Fazendo-as mais presa à terra
Pra suportar o peso de árvore
Que crescia a cada nova entrega
Procura-se esse sentimento
Não há pistas de seu pardeiro
Nem mesmo se quer ser achado
E se for o caso, deixe-o de lado
Oferece-se como recompensa
Nada que com dinheiro é comprado
Um verso, um beijo, um sorriso,
E um abraço bem apertado
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