"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

outubro 23, 2010

Da Estranheza

por Sônia Arruda


Mais estranho do que pisar
Na terra que me era estranha
É ver esse teu estranho olhar
De esfinge que devora inteira
E instaura o ácido desespero
Onde havia espaço pra alegria


Mais difícil do que vencer
Os medos tolos e os fundados
Que trago comigo desde cedo
É o medo de ver tua outra face
Armada de paciente calma
Transfigurada pelo ceticismo


Mais distante do que os metros
Que ligam a terra estranha
Àquela onde eu hoje habito
É o intervalo que me distancia
Da alma tua que cantei em verso
E, inocente, pensei que conhecia

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