"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

julho 01, 2009

Da Vida













por Sônia arruda


Nada muda, tudo evolui
Cresce, se transforma
A semente é promessa de árvore e fruto
O casulo é o desejo da borboleta



Mas é preciso algum incômodo inicial
E a coragem do desapego à casca
Que abriga mas impede os movimentos
À terra sufocante, mas confortável



O destino de semente apegada ao escuro
Não tem gosto de fruta nem cheiro de flor
E a terra que antes a alimentava
Um dia sepultará seus sonhos



Essa semente é filha da melancolia
Que mora à margem do riacho
Mas não corre com ele para a vida
Apenas espera... sem nem saber o quê



É preciso quebrar a casca, partir-se
Para encontrar outras possibilidades
De rearrumar os conteúdos internos
E, desse modo, vir a Ser



Trabalho de artesãos da própria obra
Alinhavando os retalhos coloridos
Em realidades e fantasias, desejos e frustrações
Pois nada é óbvio, tudo é construído

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