"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

fevereiro 19, 2009

Sede


por Sônia Arruda

A menina brincava sozinha
Rabiscava palavras na areia
Tinha por companhia o vento
Desarrumando os cachos e o pensamento

E as ondas que sussuravam segredos
Produzindo histórias de outro mundo
Que o mar lhe roubava sempre
Levando lá pro azul, bem fundo

E na folha nova da areia que surgia
Seu dedinho desenhava contente
Tão infinito quanto o tal ladrão
Era a insaciável sede de escrever novamente

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