"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

fevereiro 18, 2009



por Sônia Arruda

Não lembro em que exato instante
Quis ser tua
Fecho os olhos e vejo, vagamente
A calçada em frente ao bar
E um moço
Que me acendeu um cigarro
E de quem ouvi, mais tarde
A voz, a música
E me chamou de menina
Com trajes adultos
Parecendo fantasia
De senhora
Recordo, mais claramente
Quando divagou sobre minhas telas
E se perdeu na descoberta
Do ponto de fuga de meus olhos
Então, sedutores
E me acariciou a perna trêmula
E me beijou os lábios entreabertos
A espera do beijo
A espera do gozo

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