"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

fevereiro 23, 2013

Escrevo versos por linhas tortas

por Sônia Arruda

Procuro um vento que me revolva
Os cabelos, o vestido, os sentidos
Que desfolhe as pétalas ressequidas
Que descubra o dragão e desperte
A fera que me estava adormecida

Procuro mais que débil aragem
Quero o ar todo em movimento
Sinal que precede a tempestade
Mostra que não estou aqui... morrendo

Espero a poeira que me cegue
O olhar óbvio e a razão certeira
E almas se esbarrando na minha
Desfile, ciranda e brincadeira

Desejo, das folhas soltas, a dança
E os pássaros tontos, sem direção
Levando nos bicos palavras mortas

Hastes de flores emboladas em trança
Torcendo-se ao ritmo dessa moção
Nas casas e nas vidas, um bater de portas

E, seguindo a ventania que avança
Rota mal traçada pela emoção
Escreva o meu verso com linhas tortas

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