Procuro um vento que me revolva
Os cabelos, o vestido, os sentidos
Que desfolhe as pétalas ressequidas
Que descubra o dragão e desperte
A fera que me estava adormecida
Procuro mais que débil aragem
Quero o ar todo em movimento
Sinal que precede a tempestade
Mostra que não estou aqui... morrendo
Espero a poeira que me cegue
O olhar óbvio e a razão certeira
E almas se esbarrando na minha
Desfile, ciranda e brincadeira
Desejo, das folhas soltas, a dança
E os pássaros tontos, sem direção
Levando nos bicos palavras mortas
Hastes de flores emboladas em trança
Torcendo-se ao ritmo dessa moção
Nas casas e nas vidas, um bater de portas
E, seguindo a ventania que avança
Rota mal traçada pela emoção
Escreva o meu verso com linhas tortas
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