Minha
sede é inorgânica
E a água
oferecida em taça
E nas
tuas mãos em concha
Não lhe
sacia em nada
Minha
fome é uma memória
Que a
mesa farta não supre
Meu sonho
é desejo puro
Que a
noite chega e não traz
Não traz
o descanso seguro
Meu corpo
forra os sentidos
De sede,
de fome e de sonho
Disfarça
as misérias e dores
Que
misturam-se às vísceras
Confundem-se
com sangue
Encharcam-se
de humores
Minha pele é a capa sólida
Que a
alma volátil abriga
E que se
mostra sempre bela
Porte
altivo e face amiga
Mas esconde
feias mazelas
Pois feia
é a sede e a fome
Quando
não são saciadas
Feio é o
espírito que vagueia
Junto às
almas-penadas
Nas
noites sem lua cheia
Nenhum comentário:
Postar um comentário