"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

abril 17, 2012

Ciúme

por Sônia Arruda

Sono abafado por invisível mão
Em dispneia, sufocado peito
Sofre no inferno a perturbação
Incubus que invade o leito

E o que antes foi quimera
Sinônimo de bela fantasia
Torna-se horrível besta fera
Espírito impuro semeia agonia

Verme de muitos tentáculos
Fere a alma, o corpo estraçalha
Desenha triângulo imaginário
E a antiga lucidez se vê falha

Vil micróbio que, sem limites
Presume que é real o falso
E, à consciência, dá palpites
Que, de sadios, nada têm

Os mais cruéis venenos
Fazem ver o que não vemos
Saber o que não sabemos
E entender por torta lógica

Que, de tanto cansar a mente
Faz da vida um grande drama
Faz do antigo amor, ausente
Mata o amor de quem se ama


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