"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

abril 25, 2012

Canto e nada me importa


por Sônia Arruda

Não me importa se pedras vão rolar
Nem com quantos paus se faz canoa
Nem se, após um dia, outro virá
Meu canto de cigarra embala o ar
Logo, não levo uma via à toa





Não perco tempo escolhendo caminho
Dúvidas não me tiram o sono
Do que me mata a fome de agora
Sigo atrás qual cão sem dono
E nada guardo pras próximas horas

Sou assim. Esse o meu destino
Cantora alegre com pouco tino
Que me importam opiniões alheias
Canto mais alto, não desafino
Páreo pra mim, só as sereias

Bem sei que me invejam a leveza
O jeito de, de galho em galho, pular
Sem que nunca me falte à mesa
Alimento que afogue a vil tristeza
Nem amor que me faça cantar


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