"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

março 27, 2012

O poeta e o leitor






por Sônia Arruda

Há o barulho líquido do rio
Escorrendo entre as letras
E cheiro molhado de pétalas
Nos espaços desabitados
Que as palavras deixaram

Há sensações de asperezas
E sons de aparente lisura
Nos contornos de cada traço
Há desvios pras incertezas
Imagens de muita procura

Há toda espécie de cores
Nos signos feitos de riscos
Banquete de dois consortes
Um que escreve, o outro lê

Conversam, mas só silêncio
Alimenta os dois convivas
Que, alheios ao mundo, vivem
História que ninguém mais vê


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