"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

março 13, 2012

Imagem

por Sônia Arruda

Há um silêncio abissal
Quando aos mãos se unem
Quando os lábios se calam
Quando o céu se aproxima
E flores, seu perfume, exalam

A terra oscila sob os pés
Aves e insetos que não sei
Nomes que lhes possa dar
Passam entre as estatuetas
E, noutro lugar, vão pousar

Verdades nuas ultrapassam
Contornos das duas imagens
Vontades através das falanges
Vão se soltando, fios de cor
Puxados por inéditas coragens

E o silêncio se faz tão vivo
Sendo mais um personagem
Aqui a palavra não é bela
Não se mistura à paisagem
Da tarde que cai sobre a tela

Um comentário:

Henrique Biscardi disse...

Muito lindo!!! Parabéns!!!