"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

março 08, 2012

Estrada

por Sônia Arruda

Eu, carregada de agonia
Nesse caminho do mundo
Por vezes, caio. Levanto!
Esse é o destino, a história
Do ser habitante profundo

Homem lobo que não sabe
Se é homem ou se fera é
Só sabe que caminha só
Sem a discreta companhia
De tímida alma sequer
Esfola os joelhos no pó


Mas, se na estrada houver
Algum atalho mais regular
(Caminho de pedras faz dano
Mas não é possível escapar)
Melhor é, nem pestanejar
E logo fugir do vil engano

A terra é mesmo acidentada
O solo traz seculares marcas
Só não lhe conhece os grãos
Mãos que lhe recusam toque
Pés que lhe recusam pisadas

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