"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

fevereiro 08, 2012

Solilóquio

por Sônia Arruda

Meu solitário personagem
Frente ao auditório ou leitor
Como se nada nem ninguém
Fraca resistência viesse impor

Numa lógica bastante ilógica
Descompassado ritmo, ator
Traçado incoerente, vômito
Sem dó no vão expectador

O que vai no subconsciente
Como palavras, transpassam
Cruzam, da sala, os espaços
E, nele, mero depósito acham

No frenético fluxo, sem razão
Monólogo de minha voz de sons
Trêmulos, alquebrados e intensos
Se ele ouve, não presto atenção

Pra reparar o que lhe toca ou não
Ouvinte da minha verborragia
Mero ser que minha mente vaga
Distraída com particular emoção

Precisaria pausar insistente fala
Respirar manso, olhar ao redor
Olhá-lo bem, no fundo dos olhos
Enquanto a eloquente boca cala


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