"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

fevereiro 14, 2012

Entre o olhar e o beijo

por Sônia Arruda

Entre um piscar e outro
Das preguiçosas pálpebras
Entre a visão doce do fruto
E a boca que enche d’águas

Entre as cores da primavera  
E o verão quente e dourado
É onde os ramos desenlaçam
Quando o vento os faz dançar

Aí se desenvolvem os brotos
E nascem as primeiras estrelas
E é onde se aprende a beijar

Nesse intervalo solene
Onde o mar distante ressoa
Faz a alma leve flutuar

Os olhares se devoram
Bocas famintas atracam
Nos portos uma da outra
Deixando a solidão naufragar

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