"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

novembro 01, 2011

Valsa










por Sônia Arruda

Andava feito dançarina pela vida
caçando os intervalos das horas
onde teria seu descanso prometido
nunca encontrado, sempre buscado
mas na busca encontrava todo o sentido

Tinha a aparência das noites insones
quando os fantasmas saem das tocas
com as suas faces e as suas fomes
e cantam em um coro de semitons
as sereias que moram nas docas

Trazia um estandarte feito de rosas
folhas, caules, cheiros e espinhos
deixava seu rastro de pétalas rasas
e um odor de desperta apetites
ficava bailando pelos caminhos

Não sabia, ao certo, de onde vinha
nem pra onde ia, tampouco sabia
Bastava-lhe o horizonte que mudava
e, quanto mais parecia chegar perto
mais o tênue fio azul se distanciava

Mas não passava pela vida impune
pois o vento passeava entre os cabelos
que se emaranhavam no abraço morno
os pés valsavam nas ásperas pedras
e as rosas serviam como único adorno

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