"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

setembro 03, 2011

Senescência

por Sônia Arruda


Só quem morre jovem escapa
Do ciclo natural da senescência
É a morte que chega mais cedo
Secando humores da existência

Se morre a cada dia, a cada hora
A vida que faz a divisão da célula
Devagar, lentamente, vai embora
Murcha como ressecada pétala

O corpo assume uma outra forma
Se espalham na pele que reveste
Inconvenientes, rugas e manchas
Que fazem, do tempo, seu ateste

Mas é o que vai mais por dentro
Das cascas, derradeiras vestes?
Envelhece o desejo, também
E vai descansar sob ciprestes?

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