"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

setembro 14, 2011

Meu Tempo

por Sônia Arruda


Do meu começo, não lembro
sei que nasci e que vivo
sei que trago uma existência
pele, sangue, ossos, músculos
todos em pacífica convivência

Do meu final, não lembrarei
se nada há além da morte
sei que a matéria acabada
do corpo que um dia foi
será, em outra, remodelada

Sem a memória dos limites
é como se não houvesse fim
e não houvesse um início
o tempo é pura irrealidade
e não há lugar para interstício

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