por Sônia Arruda
Tentastes te esconder nos poemas
Mas te descobri além do repertório
Só na medida em que tu escrevias
Como espécie de metáfora, existias
Das palavras bem arrumadas
Eras meu entendimento generoso
(cocriação de minha imaginação
produção do meu eu desejoso)
Por que adivinhar as próximas páginas
Se devia, simplesmente, observar
Sentir os sentimentos espelhados
E a sutileza das imagens respirar?
Percebo que foi errado o encontro
Deverias somente no lirismo residir
A beleza do universo está no mistério
E não nessa coisa banal de existir
E esse tu que habitava os poemas
De forma impiedosa se dissolveu
Na realidade nua da luz do dia
O olhar desperto não te reconheceu
Fica, então, morando nos versos
Pra que eu possa a ti recorrer
Te encontrar nas noites de luar
Saciando meu desejo ao te ler
"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
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