"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

agosto 10, 2011

Invisibilidade


por Sônia Arruda


Seres invisíveis habitam os espaços da cidade
passam à margem do preconceito, da indiferença
e o olhar egoísta só vê na urbana paisagem
no mendigo, um objeto. Desvia de sua presença


Trabalhadores desprezados pelo olhar
dos que se postam em classes elevadas
não participam das relações da empresa
passam despercebidos nas empreitadas


Seres insensatos somos todos nós
que, geralmente, não conseguimos ver
e não ouvimos, dos outros, os gritos
sufocados dentro de cada amargo ser


Invisíveis seres, insensíveis seres
não percebemos, da terra, a evolução
nem o seu giro em torno do sol e de si
nem a beleza futura da flor em botão


É preciso a generosidade do outro olhar
no outro está o alheio reconhecimento
para ser humano é preciso aparecer
A invisibilidade anula qualquer sentimento

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