"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

agosto 26, 2011

Luto


por Sônia Arruda


Dias insólitos, vazios, adormecidos
Repletos de cores cinzas e de nadas
De gentes passeando sem roteiros
Perdidos nas esquinas desoladas


Sinto o forte cheiro que me anuncia
O cortejo para o enterro dos desejos
Em algum cemitério feito na praça
Onde ontem era um festival de beijos


Sinto a ausência de calor ou de frio
E, dentro de meus braços, então vazios
Já não mais me importa coisa alguma


Espero, tranquila e meio disttraída
Que se apague o último sopro de vida
Pra que teu gosto em meus lábios suma


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