por Sônia Arruda
Quando meu desejo cabia inteiro no teu abraço
e minha fome cabia na tua boca aberta ao beijo
e meus sonhos cabiam nas tuas mãos em concha
Eu não cabia em mim... transbordava...
Quando se foram os braços, a boca e as mãos
E só restou a fome na encolhida forma
Órfã indignada que fiquei de mim
Eu também não cabia em mim... sobrava...
Hoje, já não mais me sobro ou me ultrapasso
Mesmo com o mesmo corpo tão estático
Não tento mais conter, do sentimento, o tamanho
Ele sempre cabe inteiro na minha alma de elástico
"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
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