"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

abril 09, 2011

Como um rio

por Sônia Arruda


O meu amor nasceu rio volumoso
de sentimento subterrâneo escoado
em córrego, em riacho, em riachuelo
em ribeira e água derretida de gelo


Visitou várzeas por onde seu leito
deixou rico adubo em época de cheia
e deliciosos peixes entregues à rede
saciou muita fome e matou muita sede


Mas, rebelde, não seguiu o curso
natural destino das águas doces
não foi pro lago, nem foi pro mar
secou completamente, antes de chegar


Não fez leque de ilhas nem de canais
não desenhou um delta pra desaguar
preferiu submergir de forma discreta
a terra seca lhe bebeu a mágoa secreta

Um comentário:

Enise Lilases disse...

Amei seu blog...te seguindo e te coloquei nos meus blogs legais...bjs:)