"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

abril 17, 2011

Amor de Estação

por Sônia Arruda


Não quero o teu amor infinito
conjunto de números enormes
que nunca acabarei de contar
de céu que nunca vai se acabar


Digo não ao teu amor potencial
que, apesar de estar “sendo”,
não é, definido nem indefinido
truque ou enigma sem sentido


Tapo os ouvidos à grave voz
timbre de absoluta perfeição
desvio o olhar do ponto de fuga
de tão impossível superaração


Quero o teu sentimento limitado
que possa partir, se chegar o final
sem ressecar o solo e o pensamento
em sua passagem breve, sazonal

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