"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

novembro 20, 2010

Viagem













por Sônia Arruda


Não quero o canto monocórdico
Nem um pranto uniforme
Nem uma sombra imóvel
Nem que a alma se conforme


Há tanto espaço pra expansão
Que o corpo tenso tenta, em vão
Conter, pra sempre, encarcerado
Como se fora cruel prisão


Quero ver o que há lá fora
E que meus olhos embaçados
Alcancem paisagens inéditas
Além dos membros paralisados


Quero abraçar o universo
E visitar outra atmosfera
Fazendo gostosas paradas
Pra admirar a mãe Terra


Mas depois quero voltar
Apenas, terrestre habitante
Por mais que o infinito chame
Ainda sou uma alma errante

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