"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
outubro 10, 2010
Tempo Interior
por Sônia Arruda
Barulhos lentos, horas escorregadias
Deslizam dos relógios de Dali derretidos
O tempo interior não atinge a velocidade
Das folhas de velhos calendários partidos
Meu tempo interno é sempre móvel
É passado e é futuro, sempre é presente
O passado se apaga mesmo sem querer
O futuro é incerto, escapa ao meu poder
O presente me traz as cores que enxergo
Gostos de sal e mel que apuram o paladar
Cheiros que vêm junto à morna respiração
Movimentos indeléveis que me fazem bailar
Que o momento me escape, assim, de súbito
Não posso mais, de forma impune, deixar
Quero vivê-lo inteiro, como se fosse único
Sorvê-lo com gosto no meu último suspirar
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