por Sônia Arruda
Tento disfarçar teu gosto
Em bocas que não mostram teu sorriso
Procuro apertados abraços
Que sufoquem a tua lembrança
Me envolvo em variadas essências
Que não mascaram o cheiro conhecido
Vãs tentativas... tento!
Me resta frágil esperança
Mas, fica esse sabor amargo
De prazer que não dissolve,
engasga
E a sensação de frio cortante
Que nenhum braço envolve,
afasta
Fica esse perfume insistente
Que o vento me devolve,
devasta
E fica a dúvida de ter vivido
Ou, apenas, ter sonhado
um sonho bom
"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
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