"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

setembro 30, 2010

Nunca mais

por Sônia Arruda


Nuca mais teu vulto sólido
Me elevará na noite sem fim
À copa da árvore cheirosa
Não te colherei um jasmim


Nunca mais o peito se desespera
Por momentos que a ti me levem
Nem escondidos, dentro, o coração
Nem mesmo o pulso se atrevem


Nunca mais a música intensa
Dos gemidos na noite paridos
De bocas e corpos orvalhados
Em doce prazer traduzidos


Nunca mais nossas mãos
Apesar de tanta urgência
Se unirão em delicada carícia
Fazendo sumir toda carência


Nunca mais te verei inteiro
Nas sombras tua face cálida
Imersa ficará e não virá a tona
E toda a cor se tornará pálida


Nunca mais serei aquela
Que viveu contigo uma história
E nem me resta mais garantia
Do que guardarei na memória

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