"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

outubro 26, 2009

Idílio

por Sônia Arruda


Sonho com tua leve carícia
Mesclada de cheiros de flores e de peles
E desperto meio incrédula
Da realidade que me espera
Com tantos passos repetidos
Ditados por algoz rotina
Bruxa torta que insiste
Em fazer os dias de um cinza indefinido
Mesmo se há tanto sol acima das nuvens
Sonho como quem se exila
De um dia cheio de ausência
Sonho tentando repetir, na vigília
Cada toque, cada impressão, cada cheiro
Mas nada disso acontece...
E como quem agoniza, sonho
E no sonho, às vezes te encontro
Noutras, me encontro à tua procura
Mas, se te vejo, já é um lenitivo
Breve e leve, como teu carinho
Diáfano como a asa de borboleta
Repousante como banho de cachoeira
E, nesse estado mesmo, penso
Ah! Se for mero sonho
Quero morrer desacordada!

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