por Sônia Arruda
Então tua presença se ergueu
Alta árvore no meio da floresta
De madeira sólida era tua substância
E de versos delicados a tua seiva
Depois, te transformastes
Não numa segura tábua,
Mas numa ponte que convidava
Numa prancha ou num trampolim
Meus olhos confusos temeram
A princípio, a imensidão transparente
E a voz da água em movimento
Que corria pura e me chamava
Voltei ao que achava minha pátria
Terra conhecida de húmus farto
Mas senti que as palavras estavam lisas
E as sílabas vazias não bastavam
Até que tua voz rompeu o silêncio
Como sinos anunciando paz na terra
E em forma de música eu pude ouvir
Teu sangue percorrendo o corpo, um canto
E não mais pude ficar indiferente
Venci a sombra e naveguei na luz
Luz conquistada no tempo mudo
Onde eu conheci minhas várias portas
Abri aquela que é a tua porta
Percorri o espaço que leva às águas
E mergulhei nua, inteira e plena
Num movimento me desprendi do medo
Ah! E como é doce essa mansa entrega
Quero beber, me lambuzar dessa fonte
Nascedouro fértil de futuros poemas
E tantas histórias que ainda vou viver
"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
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