"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

agosto 08, 2009

Muro



por Sônia Arruda


O muro plantado no meio do mundo
Apara insetos, desejos e aves
E faz sombra sem se importar



Serve de tela aos sonhos de giz
E suporta plantinhas trepadeiras
Que lhes sobem às costas



Nele, a umidade dá luz ao musgo
Intervalos verdes brotam da velha parede
Antes tão nua de ventos e de tempos



Mas ele continua ali, imóvel e mudo
Dividindo territórios e contradições
(Pois esse é o seu real ofício)



Separa a normalidade do que é proibido
O conhecido da possibilidade toda
Marco sólido de verdades duras



Permanece, implacável, através da história
Até que algum incômodo em forma de besouro
Escale sua eternidade lhe fazendo cócegas

2 comentários:

MARCOS LOURES disse...

parabéns querida amiga belíssimo poema

Silvia Ferreira Lima disse...

Este blog ficou maravilhoso! Parabéns!!