"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

setembro 14, 2008

Estações


por Sônia Arruda

No abismo dos meus sonhos
Tua alma estrangeira vaga
Me descobre debaixo das sombras
Da tarde longa que se apaga

Vê que minha testa não tem rugas
E meu olhar se perde em infinitos
Que me colori de variados cinzas
E cobri de silêncio meus ouvidos

Meu cheiro é esse odor da terra
As extremidades descansam frias
Minha respiração é gelado vento
E as mãos de neve estão vazias

Mas tua mão de alma as toca
Fazendo sumir o tanto cansaço
Contato mágico traz breve sorriso
Engana o tempo e arruma o espaço

De olhos fechados inspiro o perfume
Das flores que brotam das minhas terras
E tontas folhas bailam no meu vento
Enchendo o meu ar de primaveras

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