"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

junho 20, 2008

Do Poema

por Sônia Arruda

O poema não nasce...assim
sem dor
diferente da música não revela
a emoção mais íntima
escrita em notas

não pretendo a precisão das palavras
nem dos limites métricos
ou das rimas
quero apenas a expressão infiel
do meu júbilo
do meu gozo
mesmo que doa
e dói... tanto que custa
o parto dos sentimentos incompreendidos
a expulsão da criança que não brincou
e da juventude que não amou
(ou amou?)

mesmo que não consiga
me lembrar de meu próprio rosto
quero passá-lo inteiro e torto
e te tocar de leve
escrever com sangue
na página branca
do livro in fólium teu

dói tanto esse júbilo
esse gozo
intervalo de vida
único que ficará
quando eu me for

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