"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

janeiro 04, 2013

Silêncio

por Sônia Arruda

Esse silêncio não tinha um nome
só desejo de permanecer incógnito
para que nada lhe tirasse o véu de sossego

Esse silêncio não tinha gosto
embora a mais saborosa fruta
não se lhe comparava em sumo

E, não pronunciável, em boca qualquer
calava-se na minha, sem vontade
tal ausência de som me pertencia

Permitia ao amor se manifestar no gesto
sufocava pérolas que não valiam a pena
partirem em busca de desencontros

Esse silêncio era meu segredo e joia
possibilidade de bem sucedida rebelião
pausa saneadora que protege da loucura


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