"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

outubro 18, 2011

Não sei porque

por Sônia Arruda

Ele tinha tanta lógica
Que lhe incomodavam
As minhas certezas
Tão pouco elas  duravam

Era tão seguro e sólido
Desconfiança eu lhe trazia
E o meu projeto de castelo
De cartas, na mesa, ruía

A pressa era tão urgente
Que ficava paralisado
Ante minha ansiosa calma
O corpo quedava, cansando

Se incomodava com hábitos
Meus que não aprovava
Não possuía nenhum vício
Lhe bastava a vida, um sacrifício!

Não sei porque me procurou
Se já de antemão sabia
Que eu não poderia lhe dar
Alívio, se ele não queria

Não sei porque não deixou
Minh’alma errante e leve
Voando de cor em flor
Amando intenso, mas breve...

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