por Sônia Arruda
Dor de amor desfeito é tudo igual
Incomoda muito quando ela chega
Sempre aparece sem ser convidada
E aumenta quanto mais se esfrega
Nos faz cúmplices nas desventuras
Vizinhança pelo destino arranjada
Amigos antigos que conseguem ler
Nas entrelinhas da fala guardada
Faz do nosso silêncio uma troca
A mais perfeita barganha, te digo
Que no mudo vocabulário nosso
Encontra alento, se pede abrigo
E no abraço dos corpos desolados
Na quietude de dois feridos seres
A dor se cura num passe de mágica
E vai embora sem nem perceberes
"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
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