"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

fevereiro 13, 2011

Vida Dupla













por Sônia Arruda


Há uma vida onde eu vivo
E outra vida que em mim vive
Entre estertores, meio sufocada
Uma vida náufraga sobrevive


Mas, solitária, não se manifesta
Que a razão não lhe permite
Demonstrar simples desejos
Expor um esperançoso palpite


Ela fica assim, bem protegida
De toda exposição é guardada
E, de manhã, tento esquecê-la
Se, em sonhos, me é mostrada


Vida louca que me acende
Sem cabestro e sem fronteira
Consome a escassa energia
Alimenta perigosa fogueira


Mas nem assim sinto vontade
De lançar mão do extintor
Pois essa vida que consome
É a minha história de amor

Um comentário:

Anônimo disse...

"Vida oculta que se desvenda em poesia;
vida íntima, acalentada por um sonho que condiz com a vida." Lindo, adorei, parabéns!!!