por Sônia Arruda
Ao som das lágrimas cinzas
Das nuvens se dissolvendo
Em implacáveis fragamentos
O ser entregue vai adormecendo
São os meus pés que sonham
Carregam o corpo instável
Através das trilhas desertas
No espaço-sono inesgotável
Carregam a vã esperança
Estampada no riso sem cor
Equilibram a vertigem da mente
Corroída da lembrança de dor
Seguem caminho alternativo
Mais que meros condutores
O novo assusta, o velho chama
Não paralisam tais exploradores
Na umidade vermelha das uvas
Que afastam a noite de insônia
No sono lúdico do bom vinho
Mergulham sem cerimônia
Pisam na brasa branca da areia
Deixando em sangue suas pegadas
Amassam o tapete de folhas secas
Por árvores generosas derramadas
E em cada bosque sem fronteiras
Do jardim abstrato, se lançam
Se alimentam de luz e de sombra
Até que os relógios lhe alcançam
"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
Um comentário:
É a trajetória da vida descrita em versos de poesia! Lindo, adorei, parabéns pelo seu blog. Bjos. (meu blog pra vc me fazer uma visitinha: www.qbonecadoll.blogspot.com).
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