por Sônia Arruda
Há um tipo de pobreza
Que não se mede pelo dinheiro
Nem pelas roupas rasgadas
Nem pelo cabelo mal tratado
Há uma espécie de miséria
Não mostrada ao olhar primeiro
Permanece escondida até
Que surja um convite faceiro
Esse estado do ser é a fome
Intensa do que não pode viver
Não pode porque não se permite
Não pode pois prefere não poder
Há um susto muito grande
E um medo fiel companheiro
De experimentar novos tesouros
E se tragar seu brilho inteiro
Há a culpa ancestral cultivada
Através de anos de privações
Que moldam o pobre ser
Algoz das próprioas emoções
Já padeci dessa moléstia
Já convivi com seus acres cheiros
Com suas necessidades de economizar
Sentimentos tão verdadeiros
Mas quando enfrentei tal carcereira
Deixei o ser miserável de lado
E sorvi com gosto a luz
De todo o tesouro que me foi dado
"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"
Sônia Arruda
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