"A poesia é também uma forma de filosofar, de tentar compreender o movimento da vida, dar-lhe algum sentido, traduzir-lhe para os outros seres, usando mais o sentimento do que a razão. Os ingredientes dessa arte de profundidade filosófica provêm das experimentações das situações que a própria vida fornece, tantas vezes, independente de nossas escolhas. E a tradução é sempre acompanhada de beleza, de leveza, porque não se prende a nenhum proprietário. A poesia se doa a todo aquele que se reconhece e se apropria daquilo que percebe nos seus versos. Está sempre em estado de transformação, sempre interagindo, sempre sendo traduzida segundo a emoção e o conteúdo interno daquele que lê, no momento em que lê. A poesia está sempre viva!"

Sônia Arruda

novembro 22, 2009

Catarse



por Sônia arruda


Tive um encontro com os tempos idos
Desses que, insistentes, à memória voltam
Adubando a rotina dos dias insípidos
E a clorofila onde meus versos bóiam

No interessante retorno espantada me descubro
Tão diferente da habitante das lembranças
Sou a mesma e sou outra possibilidade
De reviver cenas que a vida abriga em tranças

Sarau na noite, a lua iluminando a “Ponte”
Catarse de emoções já velhas conhecidas
Sambinha de roda subindo animado a ladeira
Pra anunciar a festa das outras, recém-nascidas

Momentos onde os Eus se encontram
Se tocam, se reconhecem e num gesto breve
O de hoje abraça aquele que um dia foi
O do futuro atraente, no canto, acena leve

A alma dança e declama acolhido poema
Mágica substância fornece cada ingrediente
Que mistura ao sangue e a voz que canta
Esperança de reviver a cada dia
, novamente.

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